O cinema, arte eminentemente do século XX, retratou na tela a vida de muitos artistas. Seguem abaixo a indicação e os comentários de alguns desses filmes como sugestão de complemento para o conhecimento de alguns pintores de suas obras.
Basquiat - Traços de uma vida - Drama, EUA, 1996. Direção de Julian Schanabel. Em 1981, o jovem artista Jean-Michel Basquiat é descoberto pelo papa da Pop Art, Andy Warhol. Incentivado pelo amigo famoso, Basquiat tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma estrela no mundo das artes. Sua vertiginosa ascensão, no entanto, precederá sua queda precoce. É desse universo, repleto de polêmicas e questionamentos sobre o universo artístico, que trata o filme.
Errante e boêmio, Basquiat vivia miseralvemente e transitava num universo que não era o habitualmente frequentado pelos artistas de prestígio. Muitos críticos, porém, o apontavam como um revolucionário.
A vida de Leonardo da Vinci - Documentário, Itália, 1972. Dirigido por Renato Castellani. Série da RAI, rede de TV italiana, considerada um retrato bem-acabado do grande gênio renascentista. Filmada nos lugares reais em que o artista viveu e baseada em meticulosa pesquisa histórica, esta edição em DVD duplo apresenta a série completa em versão restaurada e remasterizada, com mais de cinco horas de duração. O documentário mostra a história de Leonardo da Vinci, da infância em Florença à morte em na França, incluindo sua rivalidade com Michelangelo e a amizada com Botticelli, além de criação de suas obras-primas, seus desenhos da anatomia humana e suas inúmeras invenções.
Camille Claudel - Drama, França, 1988. Direção de Bruno Nuytten. Reflexão sobre a fragilidade humana diante do poder devastador da arte. Em Paris do fim do século XIX, a jovem escultora Camille Claudel entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se assistente do escultor Auguste Rodin. Quando se torna amante do mestre, casado e mais velho que ela, cai em desgraça na sociedade parisiense. Alguns anos depois, Camille rompe o romance e mergulha na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel, é irternado em 1912 num manicômio.
Goya - Drama, Espanha, 1999. Direção de Carlos Saura. Cinebiografia de Francisco José de Goya y Lucientes, um dos expoentes da pintura espanhola. A obra aborda o período em que o artista viveu exilado em Burdeos, no fim de sua vida. Dessa perspectiva, transformado em narrador no filme, Goya reconstrói os principais acontecimentos de sua vida para sua filha caçula, Rosario. Ele recorda a juventude, suas ambições e sua luta para conquistar espaço na corte do rei Carlos IV. Na estreita da memória, ele se lembra do grande amor de sua vida, a duquesa de Alba, que se suicidara com uma dose de veneno. O filme traça o painel de uma vida apaixonada e intensa, da qual não estavam destituídas as preocupações com o seu país e com seu povo.
Pollock - Drama, EUA, 2000. Direção de Ed Harris. Projeto pessoal do diretor Ed Harris, que também produziu a obra e fez o papel do próprio Pollock, a história parte do surgimento do pintor norte-americano Jackson Pollock no mundo das artes como principal expoente do expressionismo abstrato, até sua decadência prematura e trágica. De um extremo ao outro de uma vida conturbada, o filme expõe os tormentos que motivaram sua arte, desde a invenção da técnica conhecida como "action painting", marca de seu estilo, com seus borrões de pingos de tinta, até o casamento
opressor com a também artista plástica Lee Krasner. É um retrato comovente e delicado de um pintor que se torna celebridade no universo das artes e que é consumido por esse universo.
Modigliani - Drama, (co-produção) EUA, França, Itália. Inglaterra, Alemanha, Romênia, 2004. Dirigido por Mick Davis, o filme é uma livre adapitação da vida de Amedeo Modigliani, artista que revolucionou o mundo das artes na Paris do início do século XX. O enredo inclui passagens que envolvem a paixão de Modigliani por Jeanine Hebuterne, uma jovem e bela moça católica, várias vezes retratada pelo pintor em seus quadros. O pai da moça, porém, pelo fato de Modigliani ser judeu, opõe-se ao romance, o que trará grandes dissabores ao pintor. A história traz à cena a concorrência entre Modigliani e Picasso, numa época considerada de grande efervescência na história do século XX.
Agonia e êxtase - Drama, EUA, 1965. Direção de Carol Reed. O filme narra os transtornos e conflitos do pintor renascentista Michelangelo Buonarroti ao pintar o teto da Capela Sistina, no início de 1508. O papa Júlio II, que contratara Michelangelo com o objetivo de eternizar seu nome na obra, pressiona o artista para que ele conclua o mural num prazo razoável. A realização da obra é feita em meio à tensa relação com Júlio II e a questões envolvendo pessoas que queriam a ruína do artista. Agonia e êxtase é uma aula de história com ênfase no Renascimento italiano e também pelas belas imagens de Florença, com sua torres, estátuas e catedrais.
Os amores de Picasso - Drama, EUA, 1996. Direção de James Ivory. O filme conta a vida de Pablo Picasso segundo a visão de suas mulheres. Em 1943, o pintor catalão, com 60 anos de idade, conhece a sexta de suas sete mulheres, Françoise Gilot, então com 23 anos. Gilot sonha ser pintora e idolatra o grande mestre. Ela se torna sua amante, lhe dá 2 filhos e aceita que ele se relacione com outras mulheres. Em contrapartida, Picasso mostra a ela grandes obras de arte e a apresenta aos grandes mestres. O artista vive então um dos períodos de maior turbulência de sua vida, que se refletirá na sua produção.
Sede de viver - Drama, EUA, 1956. Direção de Vincent Minnelli. O filme retrata a vida do pintor holandês Vincent van Gogh, arquétipo do gênio artístico atormentado. O filme expõe todo o êxtase da arte e a agonia da vida de um gênio da pintura. O diretor Vincent Minnelli era apaixonado pela obra de Van Gogh e o filme reflete isso. Há momentos em que a história se transforma em mera exibição dos quadros do pintor holandês e dos lugares que os inspiram.
Arquitetura da destruição - Direção de Peter Cohen. Documentário sobre a "estética" nazista que mostra um outro lado da loucura do ditador alemão Adolf Hitler: sua relação com a arte. Considerado um dos melhores estudos sobre nazismo, o filme traça a trajetória de Hitler e de alguns de seus colaboradores mais próximos com respeito à criação artística. Destaca ainda a importância da arte na propaganda e seu papel fundamental no desenvolvimento do nazismo em toda a Alemanha. O diretor evita mostrar o nazismo pelos parâmetros políticos tradicionais e enfatiza o fato de que a estética era uma força extremamente motivadora, que aspirava tornar o mundo belo por meio da violência
.
Moça com brinco de pérola - Drama, Luxemburgo/Reino Unido, 2003. Direção de Peter Webber. Filme sobre o pintor holandês Johannes Vermeer. A narrativa parte da situação de Griet, jovem camponesa holandesa que, devido a dificuldades financeiras, é obrigada a trabalhar na casa do pintor Johannes Vermeer, já um renomado artista. Aos poucos Johannes começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos e faz dela sua musa inspiradora para um de seus mais famosos trabalhos.
O traço do invisível - Brasil, 2007. Direção de Laura Faerman e Marília Scharlach. Documentário sobre o grafiteiro Zezão, que realiza suas obras em lugares insólitos como as galerias de esgoto do Rio Tietê, o piscinão do Pacaembu, espaços pouco visíveis - ou que ninguém quer ver - da cidade de São Paulo. Como um arqueólogo dos subterrâneos, o documentário mostra um artista escalando paredes úmidas, equilibrando-se sobre muros e trilhos de trem, vagando por terrenos baldios à procura de suporte e inspiração para sua arte.
Frida - Drama, EUA, 2002. Direção de Julie Taymor. O filme baseia-se na biografia da pintora mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo, enfocando seu casamento com o também pintor Diego Rivera - os dois que revolucionaram a arte mexicana na primeira emtade do século XX - , suas atitudes comportamentais consideradas ousadas para época, além de seu trangressor processo de criação artística.
A trama dá ênfase a um acontecimento crucial na vida de Frida: o acidente de bonde do qual foi vítima, em 1925, aos 18 anos, que moldaria sua existência e sua arte a partir dali. Apesar dessa passagem trágica, a vida da pintora é um exemplo de abnegação e superação por meio da arte. Permeia o enredo o registro da transformação do México de país arcaico em país moderno.
FONTE: Graça Proença - História Da Arte - São Paulo, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário